Poemas : 

Em (des)equilíbrio

 


Os meus passos perdem o equilíbrio
quando roídos pelo desequilíbrio dos dias
que apenas morrem
como se fossem pedras paridas por um poemário
em que o sol se deita quando nasce.

Pergunto-me pelos fios de luz das manhãs
pela maciez do rio que entrava pelo espelho

pergunto-me pelo dia ornado de laços
e sorrisos de natal
pelo dia em que o vento me possa trazer fitas de malmequeres
e o meu rosto não reflita
o sal invisível dos pedaços de palavras.

Pergunto-me pelo tempo
em que ainda venha a tempo de marcar encontro comigo
de me perguntar por mim mesma
e rasgar as grades prisioneiras dos medos
no reequilíbrio do gesto.

 
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idália
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Enviado por Tópico
Paulo-Galvão
Publicado: 02/01/2024 14:02  Atualizado: 02/01/2024 14:02
Usuário desde: 12/12/2011
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 Re: Em (des)equilíbrio
Olá idália,
Pois é, por vezes o rio fica ribeira ou até mesmo riacho, mas o fio corre sempre.

Não quero passar sem lhe desejar um ótimo 2024
Paulo


Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 02/01/2024 18:48  Atualizado: 03/01/2024 10:12
Usuário desde: 06/11/2007
Localidade:
Mensagens: 2123
 Re: Em (des)equilíbrio
Acho que a tendência natural para a homeostasia pode resultar em poemas como este.
Por isso acho o desequilíbrio tão vital.

Este poema deve constar de todo e qualquer "...poemário...", sendo brilhante nas imagens e nas metáforas, rico e denso.

Não quero destacar nenhum verso.
Ando a ler alguns livros de Sophia de Mello Breyner Andresen dos quais este parece fazer parte.
O uso preciso da língua. E cuidado. Um vocabulário extenso, contudo acessível. O uso da natureza que quase busca a mitologia...
Acho essa autora uma referência mundial.

Eu tenho te achado por aqui.
Que sorte para todos, na minha opinião.

Gostei e favoritei.

Abraço