Sob o manto terno e dourado do crepúsculo, a quietude revela-se, apaixonante nas margens do rio que abraçam o murmúrio suave das águas, que deslizam no ventre maternal como um abraço de veludo sobre a pele da terra.
É uma dança silenciosa, um fluir gracioso que acalma os sentidos, é como adentrar a epiderme e escrever no reflexo do céu que se espelha nas águas, a candura a pintar a superfície com cores impregnadas de sonhos, como se o horizonte se fundisse com o próprio rio e tatuasse na pele as insígnias do amor.
Cada onda é uma sugestão, onde a ternura se revela um segredo que só o rio conhece, suave, como o carinho doce e aconchegante da corrente da água que desliza por entre os seixos, moldando o seu trajeto com as linhas com que se tece o amor.
As águas de veludo contam histórias sem palavras, são os sentidos em cumplicidade testemunhas vivas e silenciosas do tempo, a guardarem as memórias entrelaçadas na sua corrente límpida.
Navegam as lembranças por entre as águas é como deslizar pelos sonhos, a brisa acaricia o rosto, enquanto os olhos se vão perdendo na calma que se estende para além das margens, um convite à contemplação, um convite a mergulhar na serenidade que se esconde na profundeza dessas águas.
Cada contorno e curva do rio revela um novo segredo, uma paisagem que se transforma como as palavras da página de um livro aberto num convite a desvendar os seus mistérios.
Nesse fluir constante, há um encanto celestial, como se o tempo desacelerasse para permitir que a alma se aquiete e beba o néctar precioso da existência.
É como se as águas sussurrassem melodias antigas, acalmando os corações inquietos.
Os raios dourados do sol dançam na superfície da água, criando reflexos cintilantes que dançam e brincam ao sabor da corrente.
É como um espetáculo de serenidade a abraçar a alma dentro de todos os instantes, em cada novo amanhecer, onde as águas de veludo dançam e se movem ao sabor da sintonia.
Alice Vaz De Barros
Alice Vaz De Barros