Em um cantinho escondido da memória,
Reside uma saudade que fere, que devora.
É um eco silencioso, um lamento,
Que dilacera o peito a cada momento.
Nas sombras da noite, ela se manifesta,
Como um suspiro que a alma contesta.
É uma ausência que corta como navalha,
Deixa marcas profundas, como uma batalha.
No jardim das lembranças, flores murchas,
Guardam o perfume das horas turvas.
A saudade é um fantasma persistente,
Que vagueia, implacável, incessante.
Lembranças de um toque, de um olhar,
Como se o tempo quisesse congelar.
O coração, antes tão pleno de vida,
Agora chora uma saudade ferida.
As palavras não traduzem a dor,
Que se esconde por trás de cada cor.
É um vazio que se instala e persiste,
Uma saudade que nunca desiste.
Mas no tormento, há uma beleza oculta,
Na saudade que o coração dificulta.
Pois, mesmo ferido, ainda pulsa e sente,
A dor de uma saudade que é eternamente.
Assim, no palco da existência humana,
A saudade dança, uma triste melodia insana.
Canta a ausência, mas também a presença,
De tudo o que fez em mim grande diferença.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense