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Re: O eufemismo das acorrentadas letras p/ AliceMaya
Olá, Maya.
Agradeço a generosidade das suas palavras e o tempo dispensado em escrevê-las. Se fosse poeta e se este texto fosse um poema ou algo superiormente escrito, diria que a poesia contida nele não se explica, sente-se. Como não sou, posso responder-lhe a cada pergunta sobre estas verdades aparentemente irreais.
O título é uma hipérbole gerada por duas figuras de estilo. As letras estão acorrentadas porque vivem presas na saudade e não podem mais fazer o que estavam habituadas, levar e trazer amor de dois enamorados, que se conheceram através dos poemas. O eufemismo tenta demonstrar que essas letras ainda fazem uma parte do caminho, ainda levam amor, agora sem feedback da amada, logo o sonho desse amor se tornou no tal monólogo, pariu os silêncios de uma das partes.
O pior que pode acontecer a qualquer palavra, no sentido da palavra, é tirar-lhes os sentidos a elas, por outras palavras, silenciar a boca, os ouvidos e os olhos delas. Mesmo assim, elas, as palavras, não morrem, ficam cá dentro como ecos do sentimento, ou espalhadas nos livros, ou até mesmo num site da Internet, deambulando ou quem sabe na pele de qualquer folha.
A última parte do texto fala desse fim, de um amor recém-nascido, que teve pouco tempo para permanecer de mãos dadas.
Para finalizar, o eufemismo do título também indica esperança. Talvez, uma esperança cadavérica, bolorenta, antiga, rugosa, de que a poesia que se escreve nestas linhas ainda possa chegar à amada…que a possa beliscar com doçura, com a esperança que tudo possa ser reatado, o tal sonho de ficarmos juntos e de vivermos um grande amor.
Desculpe, caríssima Alice, pela extensão da resposta. Espero ter respondido às suas perguntas.
Um abraço.
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