Deste amor que eu te trago e que eu te tenho,
Resquícios de minha alma machucada,
Revela, aos olhos vistos, quão pequeno
Foste. Sendo sincera, foste um nada.
Nada ficou. Sequer restou uma brasa,
Pois tudo não passou de chama, lenho
Em noite descoberta e desluada
Após noitada de vinho portenho.
Confesso, nestas linhas maus traçadas,
Que me perdi no teu delírio
Que meu corpo entrou em espasmos
Que me vi, finalmente, realizada
Aos beijos e sorrisos contigo
Chegando, enfim, em múltiplos orgasmos.
Devo admitir que foi sem igual
Que foi mágico, mítico, fantástico.
No entanto, me causaste tanto mal
Que o dano provocado foi mais trágico.
Andou a dizer de mim nomes feios
A me difamar pelas ruas da cidade
Logo tu que me deste aquela felicidade
Quando suavas sobre os meus seios!
Ah, quanta jactância e soberba!
Ah, quanta vergonha eu senti!
O meu nome jogado na sarjeta
Por alguém que meu corpo cedi!
Homem não foste. Homem não és.
Não respeitaste uma dama
Que contigo foi puta na cama.
Que contigo foi muito mulher .
O erro foi meu por não ser seletiva,
Por me entregar ao amor em noite primeira.
Mas estavas tão lindo, tão cheio de vida,
Olhar de felino afoito na presa,
Que o meu coração descerrou a cortina
Desperto ficou a um possível legado.
Pregou-me outra peça este órgão levado
Deixando em meu peito uma nova ferida.
Espero justiça dos homens ou divina.
Esqueça que um dia entrou nesta porta.
Esta será a primeira e última missiva
De que receberás de quem hoje está morta.
Nada ficou. Sequer restou uma brasa,
Pois tudo não passou de chama, lenho
Em noite descoberta e desluada
Após noitada de vinho portenho.
Deste amor que eu te trago e que eu te tenho,
Resquícios de minha alma machucada,
Revela, aos olhos vistos, quão pequeno
Foste. Sendo sincera, foste... Nada!
Gyl Ferrys