Quero fugir a toda esta monotonia,
perder-me na razão, ou na moral
das coisas banais;
mudar o curso de minha vida,
beber as lagrimas da saudade,
para novas poder chorar pela alegria,
puras, diretas, concebidas pela alma,
descobrir um fogo no peito,
que arde, mas nao queima, nem passa
para o exterior,
nao corrompendo assim o traje que carrego no corpo
e que me reveste enfim das mais loucas acçoes,
afastar o medo, que inato me prende
em cadeias de liberdade, mas falsa liberdade,
ou enganos, simples enganos....
Minha vida!!!
Um triste barco que navega à deriva
num mar a que chamo destino,
o vento, que incessante sopra,
nas velas deste meu barco,
é incerto, frio, arremessa no rosto,
o salgado dever da loucura que me mantem acordado
temendo novas, mas inuteis aventuras,
é triste, bem sei,
chegar a temer a própria existencia,
pelo menos assim, como a revejo em mim,
desejar ter outra pele que me revista.
outros ossos que me sustentem,
outra carne que nao sinta as minhas dores,
ou apenas ter um outro barco,
que navegue em mares serenos,
que nao seja condenado pelos amores,
nem crucificado pela tristeza...
Paulo Alves