No final, outros olhos vão definir se fui luz ou trevas
Não será minha hipotética nobreza que virá me julgar
Antes, é à espada do inimigo a que deverei responder
Sem que escolha a companhia da harpa ou de belzebu
Neste denso caminho das dualidades e subjetividades
Sei que menti quando precisei reinventar-me no vazio
Sei que menti quando devia iludir o mistério da morte
E assim mesmo, navego só neste mundo de incertezas
O pó do tempo d’outro século, já se deposita em mim
Tempestades e tormentas insanas tatuaram-me a pele
São memórias flutuantes do oceano de minha infância
Onde escondi os perfumes dos bosques de eucaliptos
De meus pecados e serpentes faço música rock’n’roll
E confesso também me deleita o som e a dor do oboé
Sei que nada neste labirinto me devolverá ao passado
Então me entrego ao destino que nasce com a aurora
Se eu morrer no domingo antes da chuva, não a culpe
Afinal, não tem juiz mais sábio que o passar do tempo