A subtileza das cores desbotadas das folhas
Atiradas ao chão pelo vento fino e quase frio
A dançar entre as asas de pombos e pardais
Enche de brilho olhares vadios que desfolhas
Qual livros de poemas que mais ninguém viu
As duas mãos abertas cheias de vidas banais
Os passos riam entre si em alegre sapateado
Cantavam à chuva como no filme... mais real
Enquanto dormiam sorrisos nos meus lábios
E nesses teus olhos ou nesse corpo molhado
Que se chegava assim a mim lindo e desigual
As tuas mãos abertas eram velhos alfarrábios
As árvores despertavam na mais bela nudez
A desfilar ali com pompa e sem circunstância
Onde loucas apontam o dedo ao homem ruim
E lhe falam reprovadoras com tímida lucidez
Dessa vil atitude de as sufocar com ignorância
As suas mãos abertas em galhos gritam o fim
O peso do cheiro húmido da terra parideira
Carrega no ar as insensatas inconsciências
Que alimentam a morte lenta dos gigantes
Olhar fixo no horizonte turvo da vida inteira
Espalhado num chão de humanas aparências
Tantas mãos abertas nesses outonos amantes
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