Quando o dia despertou, acordei
todos os sons bem devagarinho,
vesti-os com a fragrância do perfume
das flores e como um elixir bebi-os,
como quem mata a sede,
na água cristalina da nascente.
Rasguei todas as palavras torpes,
com a sabedoria e o discernimento,
para abolir todas as sentenças estendidas
pelas palavras ocas e vadias.
Quando um novo dia despertar,
quero colher a simplicidade e o respeito
em cada olhar, palavras espontâneas
que fluam do âmago do Ser e beber a fonte
que jorra do olhar, mergulhado na abundância
de toda a excelência.
Quando ao som dos teus ouvidos, as palavras
te parecerem desprovidas de bom senso,
sorri por dentro, e deixa que o silêncio te mostre o quão necessárias são as vestes da prudência.
Quando a tua determinação deixar ondular as atitudes, sacode o véu da dignidade e solta o teu barco em alto mar, para velejares em segurança, até Porto seguro.
Quanto a falta de carácter te cercar,
veste o teu melhor sorriso na contemplação,
e faz de conta, faz de conta que acreditas,
calça os passos de silêncio para depois
te aplaudires de pé na primeira fila.
Quando os teus olhos espirituais te lerem
as cartas indecifráveis dos humanos,
estás no bom caminho, finalmente chegaste a casa.
Isso se chama crescimento.
(Alice Vaz de Barros)
Alice Vaz De Barros