Tudo tem os contornos da motivação quando a determinação viaja dentro da persistência e se segura ao tempo de ir, num dia que se abre ameno num início de tarde, como se as conversas interiores enquanto ando pelas ruas da cidade me fizesse sentir o bulício enquanto o tempo espera e a sensação das conversas que se desenvolvem interiormente me fizessem sentir a tranquilidade merecida depois de sentir a força pulsante do corpo fatigado, transportar à mente toda a emoção, para vestir cada contorno, como se nada mais fosse exigido a mim mesma, senão a certeza de permanecer em lugar seguro dentro das escolhas.
Um caminho veiculado por trajetórias cujos contornos nos contam sobre o tempo e lugares que nos conduzem para dentro e para fora da vida, deixando-nos tantas vezes sem escapatória.
Ouço a voz dos sentidos atenta e escuto as sensações inebriantes que se cruzam como que a buscar numa sopa de letras as palavras em construção num desenlace lento e atento, a escrever dentro da sensibilidade as linhas cujos contornos desenham a essência, como um desnudar de alma que deixa ecoar uma melodia extasiante que nos toca em permanente delírio.
Uma melodia de vida a esboçar os sorrisos das gentes dentro das histórias como se adivinhassem a sensibilidade no olhar que perscruta em contemplação e este cativante sentido de reconhecer no outro a sua própria existência.
Tantos relatos, que poderiam ser contados, noites sem sono nem agasalho, esperas em surdina, a voz a gritar o desamparo, o medo acutilante das Incertezas, mas sempre ali estendida aquela ponte entre o ir e o ficar ditando a escolha do caminho.
Era como se os segredos e confissões que fazia a mim mesma espreitassem e se movessem à espera de se transformarem e voarem com asas de cetim numa viagem cujo uno destino veicula a própria felicidade por dentro.
O canto silencioso da vida a seguir o curso da naturalidade, sem atropelos, os dias bordados a ponto Luz, todos diferentes, a vida ávida pela esperança, sentidos erguidos no horizonte fora de todas as circunstâncias adversas a timbrar olhares num cruzar demorado, a beber a verdade por dentro da confiança.
Um olhar, apenas um olhar a adivinhar a profundidade do pensamento, assim, numa invasão do ser, como uma semente em terra fértil, a vestir os instantes de sabedoria numa compreensão plena de gestos.
Um respirar atento, conciliador, e sensível como se a prudência vestisse os sons discretos do entendimento e cada palavra fosse a verdade principal da casa onde moram os afetos em permanente construção.
Alice Vaz de Barros
Alice Vaz De Barros