Uma brisa enigmática, toca levemente o sorriso cálido do meu rosto, num despertar silencioso, abrindo a luz num balbuciar sonoro ao dia que desponta, num ritmo em que as horas se abrem ao vento da ousadia, derrubando qualquer vestígio de inércia, estendendo as mãos hábeis à arquitetura dos sonhos do dia, numa construção intrínseca, a beber a determinação dentro da capacidade audaz da resiliência.
Um olhar a interceptar os gestos em sintonia, um agasalho de comunhão, vozes em delírio
a beberem a harmonia, o tempo a sussurrar a perfeição das horas despertas ao cuidado,
num registo de conforto como se a voz interior acordasse a sensibilidade e trouxesse à tona o toque majestoso do amor.
Ao redor, o desconforto das oscilações de humor, por dentro e aqui, a preocupação, um latejar de dor no peito, uma carta de serenidade escrita aos sentimentos a tocar a fimbria do pensamento, numa lembrança em retorno à construção dos afetos.
Mãos a conduzirem o caminho, dentro de mim, uma voz vestida de sensações inebriantes a sossegar o coração dentro do percurso, a devolver a confiança, a cativar o olhar em palavras cujos contornos abraçam as planícies por dentro.
Lá longe, a Luz a tocar a alma despida de inquietude, o refluxo perfumado e silencioso a agitar as margaridas no vaivém vertiginoso da brisa, um toque profundo mas quase imperceptível, a balançar a vida.
Alice Vaz de Barros
Alice Vaz De Barros