Poemas : 

Sombra

 
Os dedos
rasos de utopia
colam-se a devaneios
fantasia
que me desliza na pele
e arrasta pegadas do tempo
em nós desarticulados
de certezas que jazem no chão
inertes.
Ri-se de mim
a indiferença dos relógios
lenta anestesia
do sopro que me corre nas veias.

De que vento gelado me tornei matéria
na desmemória dos incrédulos?


Não sei os deuses nem o céu
esmaga-me a terra
onde me procuro entre as cinzas dos medos
embrião de um ventre renascido
fogo
água
palavra
chão que seria
se nunca tivesse sido.

Em lugar algum me encontro.
Sou a sombra
no voo de um pássaro.


 
Autor
idália
Autor
 
Texto
Data
Leituras
409
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
12 pontos
4
0
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Egéria
Publicado: 07/11/2023 18:05  Atualizado: 07/11/2023 18:05
Usuário desde: 28/09/2009
Localidade:
Mensagens: 947
 Re: Sombra
Olá tão belo... Desgostei-o com carinho e soube-me a pouco.
Alma que se quer livre!!
Parabéns.
Abraço


Enviado por Tópico
Paulo-Galvão
Publicado: 07/11/2023 20:39  Atualizado: 07/11/2023 20:39
Usuário desde: 12/12/2011
Localidade: Lagos
Mensagens: 1435
 Re: Sombra
Olá Idália,
entre matéria e sombra,
entre o ser não ser. Belíssima poesia que arrebata prende. Parabéns,
Pauko