Há noites amenas na madrugada dos meus sorrisos, um tempo a adormecer as pedras brancas do meu rio, água a bater nas minhas rochas, um punhado de sal na areia do mar dos meus olhos.
Há sinos a bater no relógio do tempo, um prelúdio a acordar o som da sensibilidade, dor na brecha aberta do peito, cansaço nas margens da vida, um choro a dar vida a um novo nascimento, sombras a beber o entardecer por dentro dos olhos e prados verdejantes dentro do lar, há tulipas vestidas de branco na luz do meu olhar e papoilas a dançar a liberdade no som dos meus olhos.
Há pássaros a esvoaçar na árvore em frente à janela do meu quarto, andorinhas no beiral do telhado e uma melodia ao piano a evocar Mozart em Lacrimosa, no silêncio que me envolve.
Há sonhos por sonhar, um despertar de consciência, uma breve pausa entre o som do sonho e o bocejo da realidade, há sintonia na cor das palavras e vida por resgatar no brilho dos meus olhos.
Há luares a Vestir de estrelas o firmamento, uma âncora no cais dos sentidos e palavras a vestir os gestos de brandura.
Há melodias a ensaiar a voz do tempo, sussurros de alma por desvendar e uma porta de coragem aberta ao luar dos meus olhos.
Alice Vaz de Barros
Alice Vaz De Barros