Há dias em que a voz do silêncio borda a ponto Luz as horas na alvura do tempo, como se no brilho do rosto de água, todos os instantes felizes desabrochassem, qual primavera a colorir em aquarela de mil cores, as flores brancas do meu jardim.
Dos sonhos que vivi, trago pássaros livres no peito, nos lugares por onde sonhei ir e nunca fui, ardem-me ânsias de voltar à Luz do sonho e queimar em mim esta vontade pura de viver.
Escuto o som do murmúrio da eternidade profetizar em uníssono a paz sobre os olhos da Terra, num desabotoar lento, a estreitar as vontades que gritam no peito.
Amanhece em mim, um cântico novo, como se o sopro inolvidável da vida irrompesse e escrevesse em fogo ardente, o som aveludado do coração, num batuque suave a entrelaçar a esperança numa inadiável espera, a abraçar a brisa suave ao pensamento numa cadência suave e ritmada.
Abro as portas do coração para deixar o sol entrar, sacudo a poeira pousada no parapeito das janelas outrora fechadas e busco o meu sorriso aberto, ergo os olhos para os repousar no firmamento e choro baixinho a magia de me sentir unida a Ti.
Alice Vaz de Barros
Alice Vaz De Barros