absorver o sal
antes de molhar o olhar
é lembrar-te …
é passear pelas teclas
deixando as letras
marcadas
pela dor
de um torcer
de peito
é mais que
uma chuvada
é um dilúvio
barrento
vindo
do fundo
da alma
amar-te
é a lua no sapato
que nunca foi passo
para a nossa humanidade
de todos estes ensaios
o pano nunca se mexeu
a saia ficou abotoada
o sangue ficou a ferver
no vulcão fechado
a final
o amor cresceu
agigantou-se
enrolou-se
e nunca deixou
de ser raiz
não chegou a ser calo folha
fruta na nossa boca
fomos sem termos sido
perdemos sem termos ganho
enchemos os vazios com papel de embrulho
e faltamos aos nossos aniversários
fomos tanto sem termos sido nada
masturbamos
vontades
sem espremermos um único
citrino
fomos a inverdade
mais verdadeira
do sentir
ainda assim
o coração
só dorme
pensando em ti
sonhar-te
é alegrar
o imo mais íntimo do íntimo