Em frente ao espelho, um olhar profundo e vazio,
Reflete um coração em desalento,
Saudade de um amor que foi perdido,
Ou simplesmente esquecido
No tempo, como um sonho em movimento.
Naquelas linhas traçadas pelo tempo,
Na face que já não é o que um dia existiu,
A memória se agarra a um sentimento,
Fica preso no pensamento
Aquele amor que o tempo não desfaz, que sumiu.
No espelho, a sombra daquela história,
Resplandece em olhos marejados, tristonhos,
Lembranças que resistem à memória,
De um tempo que levava a glória
Desbotam como folhas que caem no outono, desfaz os sonhos.
Oh, amor perdido no abismo do passado,
Que habita esse olhar melancólico e sereno,
Teu eco ressoa eternamente, encantado,
De forma sútil tão desesperado
Na alma que se espelha, no amor que foi ameno.
Que o tempo possa aliviar essa saudade,
E que o espelho revele novos caminhos,
Mas jamais apague a doce melodia,
Que a saudade faz virar poesia
Daquele amor que vive aconchegado em carinhos.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense