Levantei-me como quem se levanta como quando se ouve e sente o som de uns passos inconfundíveis, e ficasse ali parada, imóvel, incrédula, quase estática, no movimento dos lábios, na expressão facial, e esbocei um sorriso vestido de incredulidade, como se a minha respiração fosse parar.
Segurei as emoções, aconcheguei o sopro forte da ventania no peito e cada sentimento era como se trouxesse à tona o cheiro dos lugares, os sabores e as sensações de outrora.
Talvez, sinta o vestido da noite cobrir-me a pele de luz, ou a Lua me agasalhe os ombros com a a candura do seu olhar, na maciez do seu toque aconchegante.
Talvez ainda encontre nos olhares de quem passa um resquício de bondade, como quando os olhos se vestem de generosidade e esperança quando cai a primeira chuva depois da seca, talvez ainda haja som nos passos do coração e a melodia seja revigorante e confortadora.
E se eu ainda sentir a água de uma chuva dilúvica molhar-me o rosto, isso será como uma bem aventurança e se o som dos passos inconfundíveis da esperança permanecer no caminho isso será um milagre.
Rasgo as sensações inebriantes por dentro como se me abrisse e expusesse ao som místico do desconhecido e viajo por caminhos nunca outrora percorridos, como se ao andar, a alma se desabotoasse e deixasse correr ali o rio das emoções contidas.
Depois inspiro em novidade de vida, sinto o rosto do dia saudar-me como se o único propósito fosse desatar os nós à vida e me sentisse voluntariamente capaz como se despertasse e voltasse ao lugar de sempre.
(Alice Vaz de Barros)
Alice Vaz De Barros