No Vermelho da Terra
Não há céus onde só se vê horrores
e o andar tremulo dos decepados
num mundo sem sons e nem cores
olhos injetados de um T4 imaculado
Deram ao verme um gatorade
na veia azulada pela ausência de um céu
no furinho puseram um band-aid
preservando o veneno coitadinho
pra não cair do arranha-céu
Desperdiçam esperanças nas escadas
ao descer porões escuros e molhados
sem ventanas um cheiro imolado
que escorre pela pele pelo ato acabado
A indecência agora é cumprida
como um defeito benevolente da miséria
que desprende de homens perdidos
e emana sobre o vermelho da terra
Alexandre Montalvan
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