Num quarto escondido, onde o tempo emana calor,
Onde o mundo exterior não esconde seu pudor,
Decidi, numa noite de silêncio e calma,
Trazer o vento comigo, como um sopro da alma.
Era a primeira vez, um gesto audaz,
Que o vento entrasse ali, pela paz.
Sem portas abertas, sem janelas rasgadas,
Só o desejo intenso, e a noite aclamada.
“Vem, ó vento, com tua melodia suave,
Sussurra segredos, com tua misteriosa chave.
Embala meus sonhos, neste espaço reservado,
Desenha nas cortinas teu padrão alado.”
E assim, o vento entrou, sem hesitação,
Com todo seu frescor e imaginação.
Revolveu os papéis, derreteu o gelo,
Narrando histórias, num tom tão singelo.
Por ser a primeira vez, tudo parecia mágico,
A brisa, o silêncio, o momento estático.
Em meio ao turbilhão de sensações e sentimentos,
O quarto se tornou templo dos ventos.
Ao amanhecer, o quarto parecia renovado,
Pelo vento que entrou, por ter sido convidado.
E assim, numa noite de audácia e paixão,
Descobriu-se o poder de trazer o vento à mão.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense