A imagem com que me deparei ao abrir a porta da casa que ia dar na edícula nos fundos do quintal foi arrepiante, um corpo boiando sobre as águas da pequena piscina. Ao me deparar com a cena meu corpo quis voltar, mas a curiosidade foi mais forte, eu tinha que ver o rosto do homem que boiava. Não havia sangue misturado com a água nem pelo chão ao redor da piscina, o corpo estava encostado na borda da piscina entre a parede e a escada que brilhava exibindo seu inox, peguei uma vassoura que estava perto da porta e por nojo ou medo não coloquei a mão no corpo e utilizei a vassoura para virar o corpo e levei um grande susto, o rosto era o meu e então me lembrei de que eu morri de frio ao nadar na piscina cheia de cubos de gelo.
Dei as costas e saí correndo, fechei a porta da casa, meu filho de cinco anos me apontava o teto onde meu corpo estava pendurado, um alarme dispara na minha garagem, pego uma arma sobre a estante e saio na varanda de arma em punho, minha mulher implorando para que eu voltasse, no escuro vejo dois homens encapuzados, ladrões certamente, caminho rápido e quando chego perto do carro grito com a arma apontada e já não são mais bandidos e sim dois policiais que rindo de mim dizem para que eu atire neles, apontei a arma e puxei o gatilho algumas vezes, mas todos os disparos falharam. Os policiais ainda rindo me deram ordem de prisão e passei de vítima a bandido, corri pela rua por muito tempo, cheguei numa ponte que dividia a cidade ao meio, e eu vendo os veículos virem na minha direção pulei no rio mesmo sem saber nadar.
E no fundo do rio na tentativa de voltar à superfície vi um corpo que passava por mim, a água turva não me deixava ver a fisionomia do corpo, nadei um pouco para mais perto e puxei-o pelos pés e novamente era meu corpo, eu não estava nele. Senti um terror enorme e comecei a gritar, de repente uma luz forte e clara entrou pela minha retina me deixando cego e uma voz ao fundo que pedia calma, quando meus olhos se acostumaram com a luminosidade vejo minha mulher assustada, era só mais um pesadelo.
Edmilson Naves