Cria acordar Bernini,
afinal
nem Pigmalião.
Uma górgona finita
lia nos teus olhos,
rasos de água,
cataratas em queda livre.
Não sobrou pedra, sobre pedra, sobre pedra
só
uma areia fina sem praia,
sem poeira,
caia dos teus braços numa ampulheta
de papel...
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.