Faz de conta que não percebe os acontecimentos
As coisas que desmoronam bem na sua frente
O caos que é instalado nas penumbras
Uma existência que é, no mínimo, questionável
E quem se importa com tudo isso?
Pergunta-se por ai nas esquinas
Nos becos e vielas de uma cidade suja
Com seus ratos espalhados pelas latas de lixo
E pessoas usufruindo suas drogas livremente
Na busca assustadora por um fim menos doloroso
E ninguém parece se importar com essas coisas.
Mas, por que importariam?
Que foi que instalou o mal no mundo?
Quem jogou o ser humano nas sarjetas?
Por que as pessoas não fazem escolhas corretas?
E ninguém tem uma resposta plausível
Ninguém consegue explicar tudo isso
Preferem ignorar os apelos dos que descem à cova
Dos que perambulam como zumbis na direção do abismo.
Cale-se! Poeta imbecil!
Eu escuto os gritos de fúria dos poderosos
Dos que fazem seus planos nas madrugadas
Daqueles que maquinam em salas luxuosas de reuniões
Após suas orgias e bebedeiras
Vão arrancar o couro dos pobres mortais
Destinados ao sofrimento.
Quem mais enxerga essas coisas?
Será que apenas eu consigo ver tudo isso?
Quem instalou esse caos permanente no mundo?
Estou cansado de falar essas coisas
Parece ser em vão minha tentativa de abrir os olhos
Porque parece que ninguém está com vontade
Não há quem queira fazer alguma coisa
Para mudar essa situação.
Em silêncio deixo a pena descansar sob minhas mãos
E deito a cabeça no travesseiro
Porque já não sei se meus olhos abrirão outra vez.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense