Sonetos : 

Crônica

 
Deposito na mesa da cozinha
as poucas bolsas do supermercado.
Me tomas com teu beijo molhado
como se fosse pela última vez,minha.

E reclamas, como sempre sozinha
dos preços , do varejo e do atacado:
—Cem reais para somente um punhado
que mal enche uma sacolinha!

Eu dou de ombros e beijo-lhe a testa
Dizendo que um dia as coisas prosperam,
e que mais vale o amor que nos resta.

Na geladeira as contas de janeiro
prendidas na porta esperam
Pelo milagre de mais um ano inteiro.

 
Autor
pauloroberto
 
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