Sinto o véu da minha alma destapar-se, como quem abre as janelas enigmáticas do Ser
e estendesse as mãos à vida em reverência na tua direção.
Abraço em quietude este lugar único onde gosto de permanecer, são estes passos lentos e determinados que me conduzem ao meu rio interior.
Bebo-me devagarinho, como quem bebe da água fresca purificada do rio da vida, em celebração.
Trago as planícies verdejantes pintadas por dentro, como que a pincelar o verde dentro das montanhas altaneiras do meu céu, olho para baixo e fico silente, a escutar o burburinho dos animais, e a contemplar a tarde num sussurro doce a cantar alegremente uma melodia que ecoa no vale...
O vento toca-me de mansinho numa coreografia lenta, para acordar a esperança, vertendo em mim o cálice da confiança, deito a minha cabeça na melodia dos meus sorrisos e sinto a suavidade percorrer-me o ser...
Fecho os olhos para respirar a magia de Ser e sou a alegria dentro da esperança, como quem verte a fé e sopra o vento do infortúnio para longe, como quem acredita e sente o pulsar da vida movido pela certeza do caminho.
Inauguro os sorrisos, ateio as vontades e solto as mãos como quem se desprende, como quem se liberta e se esquece do pranto dos dias tristes.
Ceifo as dores, amedronto as investidas dos maus presságios e seguro nas mãos em concha as bem aventuranças para fecundar sorrisos no rosto do meu amor.
Alice Vaz de Barros
Alice Vaz De Barros