Libertaste um outro eu que vivia nas catacumbas
Mais recônditas, esquecidas e obscuras do meu ser,
Trouxeste ao de cima um outro eu irreverente e sensual,
Um eu arrebatador, provocador, recalcado em mim,
Libertaste um eu que vivia nas mais profundas penumbras
De uma existência que se quase se recusava a viver,
Provocaste um efeito devastador e quem sabe fatal
Capaz, quem sabe, nesta clausura pôr um doce fim.
Libertaste um outro eu que há muito aprisionei
E que há muito fui deixando sequer de alimentar,
Trouxeste de volta o meu lado mais livre e fantasioso,
Um lado que sempre tive medo de deixar aflorar,
Libertaste um outro eu, um alter ego que criei
Capaz de fazer e dizer tudo sem sequer pensar,
Provocaste a entrada num jogo audaz e delicioso
Capaz de me fazer outros prazeres experimentar.
Libertaste um alguém que se escondeu do mundo
E que se refugiou no seu mundinho fechado e seguro,
Trouxeste de volta o desejo, a intensidade, a paixão,
A vontade de entregar tudo sem despojada de receio,
Libertaste a ousadia de uma fantasia escondida fundo
Mas capaz de provocar um tumulto no futuro
Desse ser que se escondeu do seu próprio coração
e que agora se entrega a esta fantasia por inteiro…
HP/