Chegaste até mim com a brusca leveza da garoa
De gotículas que, oblíquas, flutuam aos ventos
E minha demência dança ao orvalho da planície
Sem almejar nenhum sonho de glória impossível
É nesse delicado castigo sobre relvas verdejosas
Que convido tua cálida nudez cristal para a dança
Olvidarmos as lágrimas de medo, dor e urgência
E numa explosão de cores, bailarmos pelo campo
Qual sorte que se lança, a provocar lembranças
Decifrei na tua boca as equações do verbo beijar
Luzes enfeitiçadas de tremeluzentes pirilampos
A iluminarem as curvas de teu corpo serpentino
Na paisagem coberta por nuvens em movimento
Os teus seios bem talhados me apontam o rumo
Mas se te fores será vez do verão partir contigo
E no frio do inverno me suicidar no pensamento
Apesar de tudo, tomado de imperdoável alegria
Sabendo que vais e voltas, qual a brisa da tarde
Permita-me, na real, vou preferir seguir vivendo
(*) verdejosas © Sergius Dizioli = verdejantes.