Olhares que só enxergam a mentira do tempo,
Refletindo sombras passageiras do vento.
Cada momento uma história, cada tic-tac um lamento,
Em rostos esmaecidos pelo cruel esquecimento.
Uma alma aprisionada em carne,
Anseia por liberdade, por um lugar mais alvo e farto.
Preso em um ciclo, um trágico desencarne,
De emoções e sonhos, entre o rir e o pranto.
Nem mesmo todas as eternidades do mundo,
Com seus brilhos e suas miríades celestiais,
Poderão apagar, no abismo profundo,
O seu dia ruim, suas cicatrizes reais.
Porém, entre as tramas e teias da vida,
Esperança renasce, alvorada ainda não vista.
Pois a noite mais longa, a ferida mais dorida,
Pode ser curada pela luz, por uma chama imprevista.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense