Movia-se sem mapa de viagem
sem bússola
ou residência.
Engolia o grito do vento
a rasar os barcos
que partiam.
Às vezes escondia
no olhar
aves hesitantes
ou o leito vagaroso
de águas
a recolherem memórias.
Sentia a pele
permeável a manhãs
de cinza
e aninhava no peito
a neblina
da noite escura.
Nos sonhos antigos
ecos de silêncios limpos
os pés em sangue
e a sombra do tempo
na estrada
parada.