agora sim carlos
a festa não acabou entendo:
teus olhos cerraram lentos
mas a festa continua
ainda escuto tua voz engasgada ao telefone
quase um sussurro
ainda vejo tua cabeça baixa
os óculos
os passos apressados
a caminhar por copacabana
ainda vejo e leio tua poesia tão brasileira
tão minas gerais tão itabira
ainda leio a pedra no meio do caminho
carlos foi ser gauche na eternidade
lembro-me quando lhe morreu a filha
maria julieta
uma semana depois irias atrás dela
pediste à médica
uma jovenzinha
"doutora me dê um enfarte fulminante"
não foi preciso carlos
o desespero foi mais forte
e a nós de ti
além da pedra no meio caminho
fica este legado
tua alta poesia
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júlio, inédito
Júlio Saraiva