Ainda saberemos sonhar?
Deita a cabeça na almofada do dia e deixa o corpo levitar, beija a magia de todos os teus quereres dentro de ti, viaja para outro lugar e faz tudo acontecer, vai ao lugar aonde gostarias de estar se não estivesses aí...
Beija as mãos das conversas antigas, volta a beber o cálice da esperança e pé ante pé, salva os gestos, abre as mãos e com a ponta dos dedos desenha caminhos e inspira as sensações embriagantes.
Deixa que o teu rio corra desenfreado, que as muitas águas que o inundam sejam cristalinas e toca as águas de outros rios em comunhão.
Dorme e acorda em ti o perfume do silêncio, deixa que um lençol de ternura te apanhe desprevenido e toca o chão do pulmão da emoção e depois inspira e expira todas as vezes necessárias até acreditares que não é um sonho.
Agora sente em arrepio uma chuva de alegria indescritível inundar-te, corre para a rua e senta-te no parapeito da varanda dos sonhos, abre os braços e escuta o murmúrio do vento bater as janelas da alma, depois acorda e abraça a vida.
(Alice Vaz De Barros)
Alice Vaz De Barros