Desenhei teu retrato nas linhas do destino,
Porque mesmo que partas, não quero que te percas.
Cada traço, cada sombra, cada leve matiz,
Guarda o teu semblante, em silêncio e desatino.
Na distância que cresce, nas horas que avançam,
Em meu bolso carrego teu rosto que dança.
És refúgio e memória, quando o mundo é cruel,
Na quietude do quadro, ainda sinto teu aroma no papel.
Mesmo quando as estrelas se ocultam no céu enorme,
Teu olhar no retrato me mostra teu ainda informe.
Porque ainda que ausente, em pedaços ou inteiro,
Desenhei-te por perto, guardado em meu relicário sincero.
Na esperança de um reencontro, em uma tarde calma,
Conservo teu retrato, aquecendo minha alma.
Pois em cada detalhe, em cada curva e traço,
Desenhei a saudade, do nosso último abraço.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense