às vezes canto
quando quero chorar
e uma uma frágil ave
atravessa-me o peito,
as flores que florescem comigo
tremem procurando abrigo,
o coração consome-se por inteiro
habita nele a fraca luz de janeiro
cortam-se ramos e até a raiz
destes tantos anos
em que sonhando, fui feliz!
absurdas as horas
ando devagar
vou levando meu barco,
o tempo não me é favorável
e num momento, posso tropeçar
uma parte de mim diz-me que consigo
enche-me de certezas e esperança
a outra diz-me que cheguei ao fundo
perdi de mim a criança,
a solidão é agora meu mundo.
no rosto os sulcos são sinais
dum navio perdido na rota
será que ainda tem volta
ou não voltará jamais?!
natalia nuno
rosafogo
Na plenitude da felicidade, cada dia é uma vida inteira.
Johann Wolfgang Von Goethe