o tango sempre me soou diferente na tua ausência.
a música misturada com a solidão faz-me imaginar outros homens, deixas de ter o valor de “eu amo-te” e passas a parecer-me indiferente.
e eu quero, desejo e peço um novo olhar, um novo corpo, o quente da paixão dos outros homens, quando te tenho a ti, mesmo distante.
rio-me, rio-me alto porque tu não sabes, nem vais saber, como me apetece sentir o vermelho da traição na pele, fazer-te ver-me feliz, quando pensas que é por ti e não é.
desconheces a quantidade de vezes que mordo os lábios e sinto uma satisfação quente ao cimo das pernas, quando faço amor contigo e penso nos outros, na voz dos outros, no cheiro, na pele, no olhar.
quando te olho daquela maneira a que chamas “sexy”, nem supões os meus pensamentos, não sabes do que sou capaz, acreditas em toda a ingenuidade do meu eu ao ser-te digna.
minto no olhar e em todos os gestos. reconheço o cheiro a perfume que trazes para casa quando chegas à noite, exausto, os restos de baton que ficam nos teus lábios e que são o motivo por não te querer beijar, as mensagens que recebes e eu leio, todas as noites.
mentes-me e eu minto-te mais porque não te dou provas.
les fleurs mortes.