Entre o suspiro da alvorada que nasce, a chama ardente no peito e os sussurros do sereno da noite orvalhados pela luz do pensamento, uma carta de coragem aberta, um sibilo de paz a sussurrar quietude.
No ventre acetinado da ternura uma foz a correr num rio calmo, onde a água nasce e escreve nas pedras, as marcas do tempo e desliza como se fosse brisa, como se fosse a ternura de um som quase imperceptível a apurar a audição num aguçar trémulo e sôfrego, como se estivesse a ouvir o nirvana no seu mais alto estado de graça.
Desperto o som do sagrado em mim, e colho a alvura no colo aberto como se a pele escrevesse os sussurros da voz do pensamento e fizesse ali germinar em terra aberta o nascer das sementes do porvir, a florescer candura nas palmas da arquitetura do bocejo da ternura.
Escrevo em permanência a escolha do caminho e como uma verdadeira alpinista, escalo montanhas , salto pedras, pulo muros e faço o caminho com a intuição alinhada pelos fios condutores da serenidade e vou, vou confiante, como se o caminho fosse ladrilhado de quimeras e sinto o cheiro da mãe natureza vestir-me a pele em arrepio, bebo os sons como se fossem águas purificadoras e rendo-me em regozijo.
No mistério dos dias há um desejo permanente de chegar sempre além, na sintonia de ir, como se o Ser e o Estar ditassem a confiança e galardoassem o caminho com as mãos ternas da esperança, é isso que me faz mulher, no batuque forte da emoção, na profundidade flamejante dos sentidos e na vontade férrea de vencer o corpo, dando lugar à alma
Alice Vaz de Barros
Alice Vaz De Barros