Vivo para além de encontros e dissemelhanças,
vulgarizo vitórias e derrotas na placidez do fado insubmisso,
aprendo a lição maior na vida dos mais simples,
e de pouco me importa as vozes e luzes indiferentes,
se desabam por sobre mim noites de chumbo
eu dou-me de peito nu às manhãs nascidas com auroras de espinhos.
Sacio a sede na rosa
pétala a pétala descubro sedes maiores,
sou na flor o desejo polinizado, a terra ardendo no desejo do arado,
alimento o fogo com todas as indiferenças espúrias,
lanço à terra o húmus no campo das roseiras, do vento sei o nome que ele esconde,
no vórtice da tempestade clamo de voz feita carne palpitante,
nomes de coisas, nomes de seres, todos os nomes num só,
nomes em que sei nomear o amor, nomes com nome próprio.
Se digo fruto interdito, céu no meio d`um abraço, ou vulcão activo
com lava em rosas amarelas, falo por dentro de silêncios escutados,
falo no mistério de saber por dentro do olhar mais verdadeiro,
brindo com o mais sublime vinho em excelso cristal ,
sagro o nome, a figura, a Mulher!
Demoro-me no enunciado da paixão
beijo a rosa no róseo de perfeitos lábios
decanto o amor no cristalino acto anunciado
e descubro-te na casa das harmonias eternas.
Dionísio Dinis