Tu eras a tarde
a escutar o silêncio das marés
e um horizonte feito de lagos
a levar os meus olhos
dentro dos teus.
Eras a pele
e o veludo da primavera
e nos teus lábios eu lia
rubras melodias
quando o pôr do sol nos trazia
a eternidade da luz.
Planícies de sol inundavam o verde dos dias
quando amanhecia
e a nascente floriam os girassóis
a salpicarem a tela de um tempo
à nossa espera.
Não sei aceitar o que aconteceu. O meu olhar
é hoje um lugar
sombreado de saudade
é o vento a guardar nas mãos
um deserto
é uma gota de água a arrastar
para dentro da terra
raízes de solidão.