Poemas : 

ROTINA DE OUTRORA

 
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Se foi o tempo quando o tempo não
era contado, passava despercebido...
Abraçava-se todas as madrugadas,
bebia-se a boemia com sofreguidão...
Deliciosa irresponsabilidade!...
Quando batia o cansaço etílico,
a pedra da mesa era o travesseiro
e um confessionário sem ouvidor...
A saliva escorria da boca enquanto
versos bêbados eram balbuciados...
No palco, o arrasto do veludo grená
cerravam as últimas gargalhadas da
chanchada barata, necessária ao povo
do Centro do Rio à Lapa, das gentes
da vida...  Sob risinhos furtivos nos
bastidores, os contos burlescos e
trágicos eram combinados com minúcias...
Serviçais lustravam os vitrilhos, luas e
estrelas, enquanto rainhas e princesas
recosturavam as meias arrastão,
refletiam os espelhos dos
refletores para as atrizes; únicas
dos intensos brilhos, mentoras
dos sonhos.

 
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ZeSilveiraDoBrasil
 
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Enviado por Tópico
rosafogo
Publicado: 01/08/2023 10:34  Atualizado: 01/08/2023 10:34
Usuário desde: 28/07/2009
Localidade:
Mensagens: 10798
 Re: ROTINA DE OUTRORA
Tudo passa num abrir e fechar de olhos!
A idade em que tudo brilha e parece não haver problemas que nos toquem, que nos digam respeito, quem aproveitou é o melhor que leva da vida, depois será apenas recordação, enquanto a memória consentir.
Nada que chegue a uma juventude gostosa, feliz, eu fui uma dançarina brava do Rock and Roll, hoje queixo-me de falta de mobilidade.

Cada um de nós com sua história, é assim a vida.

Fantástica descrição de tempo passado.

Um abraço amigo.


Enviado por Tópico
Alemtagus
Publicado: 01/08/2023 17:36  Atualizado: 01/08/2023 17:36
Membro de honra
Usuário desde: 24/12/2006
Localidade: Montemor-o-Novo
Mensagens: 3407
 Re: ROTINA DE OUTRORA p/ ZESILVEIRADOBRASIL
Grande José. Lembrou-me esta trova os tempos boémios que passei na corte do meu reino de juventude.
Agora que sou menos novo relembro o que posso e o que me deixam. Felizmente todos os anos tenho o prazer de reunir todos os meus compinchas de crime para aguçar a memória. Um agradecimento amiguirmão.