Chegou a chuva e se desfazem os passos e as pedras
Bailam os restos e garrafas plásticas ao vento cálido
O córrego arrasta, vai levando sob dias tormentosos
Bem nessas horas inundadas, o barro, os cães mortos
O esquecimento é o tempo que se lamenta as perdas
E fazer parecer que não há mais nada para se perder
Algo que respire diferente, nem olvido ou lembrança
O lixo, ruas tristes, os tetos de zinco, assim é a vida
Uma certa amargura flutua no ar bem ali na esquina
Lentamente. Um ranço de cerveja que se derramou
O homem parado à porta, sozinho, curvando de frio
O ônibus passa entre as casas baixas e gente a olhar
Quase nada a celebrar, só há névoa e notícias ruins
Uma garrafa em cacos, o às de espadas, uma música
O vinho amargo, um olho desorbitado, não há amor
Nas águas da chuva, sem perdão, só mais do mesmo