Dois de Maio de Dois Mil e Oito.
Ontem podia ter-te dado o último abraço.
Hoje dei-te o último beijo.
De saber-te morrer
Enquanto eu empunhava a enxada,
Trabalhar a terra,
Como gostavas,
Como sempre o fizeste...
Orgulho-me porque te honra.
Honrei também o nosso nome,
Tu ainda vivo,
Ao grava-lo num livro,
O meu com o nosso.
Não foi o filho, não foi a árvore,
Foi a palavra.
E por palavras ouvi as tuas histórias,
Verdadeiras, guardadas na memória
Do que não vi por não ser nado.
E esse último beijo
Fica para sempre selado
Nos meus lábios
Que também eles te acarinhavam,
Também com palavras.
Dois de Maio de Dois Mil e Oito,
Um dia triste, marco dos seguintes.
Dois de Maio de Dois Mil e Oito,
O dia que partiste; perdido o ouvinte.
02/05/2008