Para amar, uma mulher
Não deve ser moralista.
Não é sabido
De ninguém que,
Sendo severo juiz
De si e do mundo,
Tenha amado
E sido feliz.
Para amar, uma mulher
Não precisa do pundonor,
Pois nunca o orgulho,
A honra e o valor
Evitaram que alguém
Se entregasse ao amor.
Para amar, uma mulher
Não precisa ser justa,
Pois o amor não diz respeito
À razão, ao direito e à justiça,
Pois sabe o quanto é vão
Ser justo nas sendas da paixão.
Para amar, uma mulher
Não precisa estar certa,
Não precisa agradar, ser reta,
Pois o amor não quer qualidades,
Não se preocupa com a verdade,
Só com o querer, o corpo e o cheiro
Que lhe excitam as vontades.
Para amar, ah, mulher,
Não é necessário virtudes,
Caráter, qualidades morais,
Predicados intelectuais
Que ajudam a amar,
Mas não nos roubam o ar
Como só conseguem os sensuais
E ninguém mais.
Para amar, mulher,
É preciso apenas um rosto,
Um sorriso, um olhar,
Um jeito de ser
E de se expressar
Que só consegue ver
Quem está apaixonado.
Pois só a fantasia e a ilusão
Podem fazer, mulher,
Amar um coração.
Pois o amor é um raio
Que ilumina
O espelho d'água
De dois olhos
Onde vemos refletida
Do coração apaixonado
A própria alma.