apaguei-me no remoinho do vento
permito que o silêncio me traga obscuridade
e sonhos de saudade,
onde me acolho
arrebatadamente, escrevo um poema,
todo o meu pensamento a arder
sem saber, o que ditar-me para nele escrever,
nem qual o tema, e detrás do silêncio,
o coração que não sabe aquietar
relembra, velhas cicatrizes,
mas logo me põe a correr,
- em dias felizes,
nesta leve e fugaz inspiração,
deixo que o sonho adormeça nestas linhas,
e esqueço, que os sonhos não regressam.
uma ave transviada me angustia
delírios me levam a outro tempo, a outro lugar
que palpita nas minhas veias,
que agonia,
sonhar as noites cheias da infância,
acarinhar os antepassados, e ao acordar
só a vida sem alento,
enterro este frágil passar na fronteira do presente, num azul firmamento.
abre-se a janela ao coração de par em par
e uma lágrima seca cai-me do olhar
a recordação chega e já fico confusa,
o passado é irrepetível e lembrar traz-me
pesar, o frio amontoa as ausências dos que
partiram, é este o preço cruel do tempo
ouço o chorar do velho rio que corre,
que pesadelo neste meu destino adverso
corre a vida vencida, também ela morre,
parto, sem escrever nem mais um verso.
natalia nuno
rosafogo
Na plenitude da felicidade, cada dia é uma vida inteira.
Johann Wolfgang Von Goethe