Tudo é passageiro
sei que já devia ter olhado o relógio.
Sei de vozes que chegaram
mas os ponteiros rodaram e eu
perdi-as de vista.
Tento enganar o silêncio e invento palavras
letra a letra
esqueço o corpo
que vai decaindo.
Há os dias que rasgam a memória
e as mãos procuram significados.
Mas os pontos de partida não têm
princípio nem fim
levam a lado nenhum.
Queria arrumar a mágoa num abraço
finjo que está tudo bem
não tenho para onde ir.