Poesia aposentada que o silêncio já consumiu
Dai-me voz para que essa raiva não me sufoque
A inspiração que outrora até em outonos floriu
Já não traz a paz para que minhas linhas evoque
O vazio torna a centralizar a temática do poema
O verso roto é só um estigma de pueril insensatez
Rasga-se o verso e a alma com frieza extrema
Como se a autodestruição não fosse prova de estupidez
O poema nasce machucado e quase mata o poeta
O choro é lírico, enquanto o caos é emocional
Fecham-se os olhos para essa solidão de porta aberta
Enquanto traçam-se linhas de um sofrimento estrutural
Cada caneta nasce sabendo o peso de sua tinta
Há lacunas na dor, hiperbólicas e eufemistas
O nada existe para que a ilusão não seja extinta
E a transformação não roube a inocência dos artistas
Jeferson