Vejo a tarde
nas ruas lavadas do silêncio
a distância imutável das searas
a embalarem o tempo.
Os contornos desarrumados que me habitam
a melancolia a sublinhar-me a curvatura dos ombros
ou as palavras onde me abrigo as horas.
E a contagem crescente das coisas
que me dizem de ti.
Sempre soube das linguagens desencontradas
que nos perderam no vazio
ou da dissonância das vozes
ao virar das páginas.
Basta-me agora o pouco da ilusão que
me foge
e me arrasta
a frescura da luz
diluída em janelas de ausência
a textura azul dos teus olhos na antologia da memória.