Poemas : 

As rugas da vidraça

 
Estremeço ao aproximar do crepúsculo

a passar

rente aos meus olhos de bruma

há um espasmo líquido

debaixo da pele

um eco

a deixar um rasto de gelo.



Poderia ser então o murmúrio triste

da chuva

uma réstia impura da memória

o entrelaçar dos tempos

da partida

da chegada

as cicatrizes nos dedos

uma silhueta anónima.



Vacilo na viagem

ao interior da lágrima

fendas nas veias

o rasgar da folha

a dor em grito

no cerrar das pálpebras

o dia a soluçar

em gotas de melancolia

a

p

i

n

g

a

r

nas rugas da vidraça.


 
Autor
idália
Autor
 
Texto
Data
Leituras
637
Favoritos
8
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
84 pontos
4
8
8
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Abissal
Publicado: 19/06/2023 07:55  Atualizado: 19/06/2023 19:09
Membro de honra
Usuário desde: 27/10/2021
Localidade:
Mensagens: 642
 Re: As rugas da vidraça
Um poema lindíssimo, amiga.
Mas muito triste, embora até se entenda por ser segunda-feira :)
Toca a animar e boa semana.
Abraço


Enviado por Tópico
rosafogo
Publicado: 19/06/2023 13:35  Atualizado: 19/06/2023 13:35
Usuário desde: 28/07/2009
Localidade:
Mensagens: 10794
Online!
 Re: As rugas da vidraça
O tempo cinzento traz muita inspiração, este poema exerce sobre nós ao lê-lo muita melancolia, sinto-me uma mariposa enquanto o aprecio.
Boa semana
bj.