Ainda que por ilusão via,
Meu coração sem amor, sem nada…
O resto anónimo do dia,
Deixa em mim uma sensação vaga
Entre o dia que termina
E o principio da noite fria…
Amanhece,
O poderoso sol, encobre a lua,
Dando-lhe descanço, enquanto a aquece...
Estático, olho uma rosa
Tão meiga que parece,
Mas falsa é a sua branda prosa,
Meu coração entristece…
De novo escurece,
Mas mais em mim,
Por tudo quanto se me esquece...
Amo, creio, falo,
Na voz que nada diz,
Pede-me que nunca me calo,
Ignora-me que nunca serei feliz…
Amar-te, é mesmo assim,
Tantas vezes por ti morri,
Na indecifravel pronuncia do silencio que senti,
Para outras tantas de novo resnascer em mim...
Ouço tua voz que tudo me diz,
No silencio com que te apresentas,
Não dizias nada, e eu ouvia "Beija-me", e assim o fiz...
Paulo Alves
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