LIMBO
Já não há tempo para te falar do sabor dos dias,
nem para te carregar nos braços e te levar aos confins do silêncio,
onde moram os anjos querubins, as fadas, os arlequins
e de onde irradiam, acutilantes, os raios de sol ardentes.
já não há tempo para te dizer num abraço
a estreita infinitude das memórias que galgam os diques
e alagam o horizonte das planuras onde me deito e medito,
chispando a febre do desejo nunca alcançado.
Delicado o meu olhar buscará o ponto de luz
que transformará a noite em dia nascido e vivo,
antes de sucumbir exangue na orla da sombra
que marcará o chão com o selo da tua presença indelével.
Casto me entrego e me surpreendo monotonamente absorto.
Se vivo sou, porque morro? E porque recordo, se me acho morto?
Em 17.Abr.2014
Escrever é uma forma de estar vivo!
Paulo César