Assim que fiquei cego soube
que só em sonhos seria a sua sombra,
a silhueta;
da tez, o tom...
Mas,
do nada,
nova chama veio a lume
um aroma vivo
a suor, a sangue, a seiva
[dita de Hera,
ciúme]
que se tatuou
à minha pele.
Tornou-se no meu perfume.
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
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