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Reflexos de um qualquer sentir

 
Sei que tu sabes que eu sei que sabes como é…
Se olho os teus vidros cristalinos eles reflectem ramos vermelhos
No Outono lento na minha janela
Se toco o teu fogo de perto, bem pertinho
Logo se te enruga o corpo de medo
Bem franzininho
Se descubro os teus aromas, a luz e os metais
Logo se vai o segredo
Num rumo louco para as tuas ilhas marginais
Às penso que posso ser louco e ficar abandonado na costa
Mil dias á espera da resposta
Mas aí penso em velas e barcos
Em mares e ares
Nos teus lábios a buscar-me
No teu nome a chamar-me
No meu amor-próprio
Reconheço, pouco sóbrio
Repito e reacendo os meus fogos interiores
Ligo os meus internos extintores
E parto á procura do motor e do sensório
Dos gestos correctos, dos pensamentos
Do real pouco ilusório
Duma palavra ou um aceno de momentos
Para que possas ver e compreender
Os medos que hão-de vir
E mesmo assim possas continuar a ler este sorrir
 
Autor
Raul Cordeiro
 
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