Corre o dia,
e uma luz coada entra pelas cortinas
antigas, a solidão faz-me
companhia,
adensa a noite
e desarruma a minha mente
e assim, a flor desfolha até às
pétalas finais, como o sol
que se apagou, derramando
um vazio que a destrói.
Transporto sonhos ante um inverno
que me espera, a solidão dói,
o esquecimento abre passagem
e cada lembrança é já indelével
imagem,
como casa desabitada, mofenta
arrasada, onde já ninguém responde
minha alma, anda não sei por onde!
Minha vontade, ainda
inventa versos como comida suculenta
que me faz bater o peito, e a saudade
traz-me de volta a menina
dizendo-me que sou a mesma d'outro tempo.
o tempo que vai e nada o pode deter
fica a palavra feita nada,
a vida voando para o poente
como a água, que não volta à nascente.
natalia nuno
Na plenitude da felicidade, cada dia é uma vida inteira.
Johann Wolfgang Von Goethe